
Título: O Cachorro e Seu Menino
Autor: Eva Ibbotson
Editora: Rocco
Tradução: Heloisa Prieto
ISBN: 9788579802379
Número de Páginas: 256
Ano: 2015
Classificação: 

Os pais de Hal não querem deixá-lo ter um cachorro. Até que descobrem a agência de aluguel de cachorros Bichinhos Tranquilos. Eles não dizem para Hal que o filhotinho esperto que escolheu não será seu para a vida toda, e sim por apenas um fim de semana. Hal e Pintado deverão encontrar um jeito de ficar juntos.
A fórmula é conhecida: junta uma criança e um cão mais um
monte de coisas que os impedem de ficar juntos.
Esse seria o resumo da história, mas Eva Ibbotson transforma tudo em muito
além do básico. É o segundo livro que li da autora (o primeiro já havia
comentado aqui), e confesso não que me
lembrava de muitos detalhes até que resolvi reler e percebi o quanto a segunda
leitura de uma história nos permite ficar atentos para fatos que deixamos
passar despercebidos.
Começando com a relação de Hal com o cachorro: é paixão à
primeira vista! Hal está determinado a ter um cão que toque seu coração. Quando
acredita que finalmente seus pais resolveram o deixar ter um cachorro, vai até a
loja encontrar seu melhor amigo. Mas ao passar de gaiola em gaiola não sente o
coração acelerar por nenhum daqueles. Até que o esperado acontece: uma porta se
abre e eis que um pequeno cãozinho branco entra. Para. Olha. E dispara em
direção ao colo de Hal que o recebe de braços abertos.
Pintado é um vira-lata acolhido pela bondosa Kayley, que
trabalha na loja de animais de aluguel como cuidadora. Como não pode abrigar cachorro
em sua própria casa, forja um pedigree inédito para que o animal fique na loja
até encontrar um local definitivo para ele. Os outros cães o recebem com
simpatia e resignação: entendem que Pintado não é um cão de aluguel e lamentam
o fato de que o brilho nos olhos do cãozinho será apagado em breve quando
perceber a realidade.
Mas quando Hal chega e leva Pintado embora, todos os cães
têm suas esperanças renovadas. Eis aí a diferença na história de Ibbotsen: cada
cãozinho que resolve partir com Hal e Pintado em sua aventura em busca de um
lar que os aceitem tem sua própria história, seu passado e sua saudade. A
autora explora com delicadeza algumas facetas da vida, tratando da
objetificação de seres e pessoas em comparação com a valorização de coisas – e
aqui um destaque para a mãe de Hal, uma mulher rica que acha que felicidade é
ter coisas; quanto mais caras melhor.
Os vilões da história passeiam entre homens e animais: temos
o ganancioso casal Carker, proprietários da loja de animais de aluguel, que
perceberam que muitas pessoas querem ter animais apenas para impressionar os
outros. Tem o catador de bugigangas que recolhe o lixo dos outros cobrando uma
fortuna para despejar no meio da floresta; e seu o amigo, que tem duas bestas-feras que ele insiste em dizer que são cachorros! Enfim, personagens caricatos
que dão riqueza e comicidade a história.
Falar em riqueza, a autora escreve de forma detalhista sem
ser exaustiva. A inserção de novos personagens é quase um recomeçar: a autora
conta brevemente suas histórias até o ponto em que se encontram com nossa
comitiva de crianças e cachorros. Com isso pode-se dizer que a história do
livro reúne várias outras histórias. Assim como é na vida, não é mesmo?
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