{Resenha} Outro Dia



Título: Outro Dia
Autor: David Levithan
Editora: Galera
Tradução: Ana Resende
ISBN: 9788501106834
Número de Páginas: 322
Ano: 2016
Classificação: 

Um dos mais inovadores autores de livros jovem adulto e o primeiro a emplacar uma trama gay na lista do New York Times, David Levithan retoma a sua mais emblemática trama em "Outro Dia". Aqui, a já celebrada — com várias resenhas elogiosas — história de "Todo Dia" é mostrada sob o ponto de vista de Rhiannon. A jovem, presa em um relacionamento abusivo, conhece A, por quem se apaixona. Só que A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Mas embarcar nessa paixão também traz desafios para Rhiannon. Todos eles mostrados aqui.

A minha opinião com Todo Dia, livro de David Levithan, foi extremamente positiva, como vocês podem conferir na resenha, porém, quem leu, sabe que o final não muito conclusivo, nos deixando com um gosto de quero mais. Ao saber que o autor escreveria uma "continuação", fiquei muito feliz, pois poderia saber um pouco mais da vida de A, porém nem tudo é como a gente quer. David, em Outro Dia, nos trás a mesma história de Todo Dia, só que sob os olhos de Rhiannon, não de A, e, confesso pra vocês que não poderia ter sido uma experiência melhor.

Quem já leu Todo Dia já conhece a história, mas, pra quem ainda não leu, vamos lá. Rhiannon tem um relacionamento um tanto abusivo com o seu namorado Justin. A garota vive às sombras dele, colocando, muitas vezes, suas vontades em segundo plano pelo garoto que ama – ou pelo menos acha que ama. Um dia, Justin se comporta de um jeito completamente diferente, fazendo com que Rhiannon tenha um dos melhores dias da sua vida, porém, no dia seguinte, tudo voltou ao normal, Justin era o mesmo. A questão é que naquele dia perfeito, não era Justin, era A que estava com Rhiannon.

A é um ser que acorda todos os dias num corpo diferente, respeitando a sua idade, não importando sexo. Ele – que não se define como menino ou menina – tenta ao máximo não interferir na vida dos corpos que habita durante as 24 horas, apenas viver como a pessoa viveria, mas, ao ocupar o corpo de Justin e ter passado o dia com Rhiannon, algo desperta em seu ser, o levando a questionar a decisão de não interferir. Os dois entram num questionamento sobre suas vidas e sobre o que vale a pena ser vivido.

Em Todo Dia acompanhamos o drama de A, acordando todos os dias num corpo diferente e tentando ter alguma relação com Rhiannon. Em Outro Dia, apesar de ser a mesma história, David Levithan conseguiu dar uma roupagem completamente diferente sem perder a qualidade do enredo. Confesso que fiquei meio receoso ao iniciar a leitura, principalmente por já conhecer a história e ter gostado muito. Fiquei com medo de que viessem mudanças desnecessárias, pensando que seria apenas mais um livro para se vender, mas ainda bem que não foi o caso.

O caso de Rhiannon é muito atual e ponto de muitas discussões, se pararmos para analisar. Quantas garotas, ao começar a namorar, começam a se colocar em segundo plano e a se culpar por tudo o que acontece num relacionamento como Rhiannon? Muitas garotas fazem isso. É muito interessante e ao mesmo tempo cruel e sensível conhecer a realidade da garota e saber como ela lida com isso, principalmente depois de conhecer A.

Em Todo Dia, o foco das reflexões eram os corpos com realidade diferentes que A ocupava. Já neste livro, os personagens em destaque são os amigos e família de Rhiannon. Cada um tem sua personalidade, seus dramas, principalmente Justin que tem muitas dificuldades em lidar com a dor, razão do estado do relacionamento dele com Rhiannon, que também tem vários problemas. São personagens cativantes, humanos e reais, que é uma grande característica de David Levithan.

Por mais que seja a mesma história de Todo Dia, que foi lançado primeiro, a ordem de leitura não importa e nem se você só leu um ou outro. Eu só acho que é muito interessante conhecer os pontos de vista de A e de Rhiannon, pois nenhuma históia tem apenas um lado. Vale ressaltar também que nesse livro temos um parte no final inédita.

O estilo de Levithan continua o mesmo, assim como a edição da Galera que permanece no mesmo pardão, utilizando a mesma capa americana que complementa a de Todo Dia. As páginas são amarelas e o tamanho da fonte é perfeito, tornando a leitura bem fluida.

Enfim, me encantei com Outro Dia assim como aconteceu com Todo Dia. David Levithan nos leva através de uma história com protagonistas adolescentes com um toque de ficção científica ou fantasia, gerando diversas reflexões, principalmente as que envolvem o amor, tudo numa escrita muito bela e rápida.

0 comentários :

Postar um comentário