{Resenha} Hyde



Título: Hyde
Autor: Daniel Levine
Editora: Record
Tradução: Ana Julia Perroti-Garcia
ISBN: 9788501106896
Número de Páginas: 434
Ano: 2016
Classificação: 

O que acontece quando o vilão se torna o herói?
Impedido de sair do gabinete do Dr. Jekyll, Mr. Hyde conta as horas até ser capturado. No entanto, como um último ato ele tem a chance de contar a breve e fascinante história de sua vida.
Trazido à vida após passar mais de trinta anos adormecido no inconsciente do Dr. Jekyll, Hyde não sabe quando ou por quanto tempo terá o controle do corpo que divide com o médico. Quando dormente, ele observa a vida do Dr. Jekyll de uma perspectiva distante, mas consciente. Porém, conforme o experimento se desenrola, Hyde passa a ter suas próprias experiências, algo próximo à liberdade.
Mas a existência mútua é ameaçada. Há um perseguidor misterioso à espreita. Hyde está sendo provocado, e há uma cilada sendo orquestrada. E, quando algumas garotas desaparecem e uma pessoa é assassinada, na bruma da consciência compartilhada, será que Hyde pode ter certeza de que não é o culpado dos crimes?

Lembro que quando eu era criança/pré-adolescente, eu gostava muito da história d'O Médico e O Monstro, tanto que cheguei a ler mais de uma versão, voltada para minha idade na época, claro, então, quando vi o lançamento de Hyde, não pensei duas vezes antes de solicitar porque: um: foi uma super nostalgia e dois: eu adoro releituras. Mas tem vezes que a expectativa é tão grande, que a frustação é maior ainda, capaz até de impedir que você finalize o livro, que foi o que aconteceu.

Em Hyde, começamos a história do final, se podemos assim dizer, pois o Dr. Jekyll está "morto" e Hyde está tomando conta do consciência, então ele decide nos contar como foi o processo para se ter chegado àquela cena.

Hyde já tinha aparecido numa parte da vida do Dr. Jekyll, mas passou mais de trinta anos adormecido no inconsciente dele. Ao despertar novamente por conta de uns experimentos do doutor, Hyde começa a viver uma vida de observador, por exemplo, fazendo o que o Dr. Jekyll faria no seu dia-a-dia, procurando não interferir em nada. Porém, o próprio Dr. Jekyll tinha outros planos para seu amigo Hyde.

Ao decorrer da trama, Dr. Jekyll deixa pistas e até faz algumas coisas à favor de Hyde, deixando-o confortável, fazendo-o ter suas próprias experiências, vivendo algo próximo à liberdade, mesmo que por um tempo determinado, antes que o Dr. Jekyll retome a consciência, porém, coisas estranhas começam a acontecer.

E foi até aí que eu li. Como disse no começo da resenha, eu não finalizei a leitura, não chegando nem até a metade e agora vou explicar o motivo, porque a história parece ser muito boa pela sinopse e pelo começo. Vamos lá.

Como disse que houve uma sensação de nostalgia, por ter gostado muito da história quando criança, acredito que o principal motivo foi pessoal. O fato de Daniel Levine, autor, ter transformado o vilão no herói do enredo causou um enfraquecimento no impacto da história original, perdendo a magia, mesmo sendo uma releitura. Se tornou algo completamente diferente.

Outro motivo que colaborou com a não finalização foram os capítulos e diálogos. Os capítulos são poucos e enormes, tornando a leitura um tanto quanto cansativa, e também não há aquele gancho que nos deixa instigado para saber o que irá acontecer depois (pelo menos até onde eu li), pois é um relato em primeira pessoa de Hyde sobre o seu desenvolvimento. Os diálogos não são "pontuados" com os travessões como estamos acostumados, mas são nos meios dos parágrafos, causando certa confusão no meio da leitura. A leitura é bem densa e cansativa no geral, pois dez páginas acabam parecendo cinquenta.

Em contraponto da narrativa e escrita, temos a edição da editora Record, que quase não peca. Há alguns erros com os nomes dos personagens, que as vezes são escritos de maneiras diferentes, mas as folhas são grossas, tamanho de fonte agradável, capa bonita e ainda há uma espécie de ilustração com os nomes dos personagens principais no meio e no fim da história de Daniel Levine.

Um bônus dessa edição, em especial, é o texto integral original d'O Médico e O Monstro no fim do livro, após o enredo de Hyde. Foi uma ótima sacada da editora, pois é possível comparar as histórias ou apenas desfrutar de alguma delas, que foi o que aconteceu comigo. A trama bem curta (não possui nem 100 páginas) de Robert Louis Stevenson é ótima, o que "aliviou" um pouco o efeito causado pelo "abandono" da leitura de Hyde.

Enfim, Hyde é uma releitura bem grande, mais de trezentas páginas, se comparado ao original que não possui nem cem páginas. É uma leitura densa e um pouco cansativa e acabou não dando certo pra mim por conta da expectativa criada previamente. Não achei a história chata, de maneira alguma, mas sim o modo como foi contada, tanto que, futuramente, ainda pretendo dar uma segunda chance à leitura. Pode ser um ótimo livro para quem não conhece a história d'O Médico e O Monstro, pois não há expectativas, diferente pra quem conhece e gosta do livro de Robert Louis Stevenson.

Vale lembrar que a nota dada é de acordo com a parte que eu li, mas levando em consideração também o trabalho da editora com edição, que foi realmente muito bom.

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