Sabem os livros paradidáticos? Aqueles que são utilizados na
escola de forma paralela ao que está se colocando em prática nas atividades em aula? Muitas das
vezes esses livros são a porta de entrada para muitas crianças e adolescentes no mundo da
leitura, e somente através deles muitos autores começaram a ficar conhecidos pelas crianças, uma vez que suas
produções literárias se encaixavam adequadamente neste grupo de materiais.
É o caso de Ruth Rocha. Essa premiada escritora brasileira
pode não ser conhecida da galera jovem de agora, mas eles vão cair da poltrona
ao saber que seu livro mais famoso “Marcelo, martelo e marmelo” – um livro que ocupou a mente de muitas crianças
e adolescentes na década de 90 já vendeu mais de 20 milhões de exemplares! Suas
obras, aliás, já foram traduzidas para vinte e cinco idiomas e recentemente seu
livro “O menino que aprendeu a viver” recebeu recomendações de importantes
órgãos americanos como o Children´s Books Council.
Nascida no dia 2 de março de 1933, essa paulistana é formada
em Ciências Políticas e Sociais. Começou trabalhando na biblioteca do Colégio
Castelo Branco, mas a partir de 1967 passou a escrever sobre educação para
Revista Cláudia. Mais tarde, após escrever uma série de histórias infantis para
a Revista Recreio, para a qual foi convidada a trabalhar, tornou-se
coordenadora do departamento de publicações infanto-juvenis da Editora Abril em
1973. Seu primeiro livro, no entanto, “Palavras, muitas palavras”, foi lançado
em 1976.
Quando comecei
a crescer” foi o primeiro livro que li desta autora maravilhosa. Eu me lembro
dos desenhos que pareciam aquarelas – no livro que eu tinha! - e da dor vivida
junto com a personagem ao ver a magia das fantasias infantis se perderem tal
qual névoa. Mas aí ela descobria outras coisas e se dava conta que tudo são
fases. Assim acontece com a maioria dos livros de Ruth Rocha, referência
na nossa literatura infantil: suas histórias trazem reflexões comportamentais
de forma, para usar o termo empresarial atual, “horizontal” – como em “Faca sem
Ponta Galinha Sem Pé”, onde já discutia, de maneira cômica, as questões sobre o que é de menino e o que é de menina,
e em “Uma História de Rabos Presos” onde começam a nascerem rabos (isso mesmo:
rabos!), nas pessoas que tinham rabos presos uns com os outros! (Sim, Ruth
Rocha também sabe ser cômica!). Ela usa uma linguagem que as crianças entendem
e através da fantasia incentiva-as a reconhecer a realidade.
“As crianças são muito parecidas. Por isso, livros infantis mais antigos e contos de fadas ainda encantam gente do mundo todo.
Ruth Rocha
Até hoje Ruth Rocha lança materiais novos que são muito recomendados nas escolas e excelentes para incentivar a criançada a adquirir gosto pela leitura. Ocupante da cadeira de número 38 da Academia Paulista de Letras, completou 50 anos de carreira ano passado. E cá entre nós, em meio a tanta desvalorização da nossa cultura, dá gosto em saber que esta guerreira continua encantando por aí não é não?
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