{Resenha} Dom Casmurro


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Título: Dom Casmurro
Autor: Machado de Assis
Editora: Ática
ISBN: 8532204155
Número de Páginas: 223
Ano: 1997

Machado de Assis (1839-1908), escrevendo Dom Casmurro, produziu um dos maiores livros da literatura universal. Mas criando Capitu, a espantosa menina de "olhos oblíquos e dissimulados", de "olhos de ressaca", Machado nos legou um incrível mistério, um mistério até hoje indecifrado. Há quase cem anos os estudiosos e especialistas o esmiuçam, o analisam sob todos os aspectos. Em vão. Embora o autor se tenha dado ao trabalho de distribuir pelo caminho todas as pistas para quem quisesse decifrar o enigma, ninguém ainda o desvendou. A alma de Capitu é, na verdade, um labirinto sem saída, um labirinto que Machado também já explorara em personagens como Virgília (Memórias Póstumas de Brás Cubas) e Sofia (Quincas Borba), personagens construídas a partir da ambiguidade psicológica, como Jorge Luis Borges gostaria de ter inventado.

Fugi de ler Dom Casmurro no Ensino Médio quando estava estudando para os vestibulares, mas agora na faculdade não pude escapar, o que no meu pensamento seria um fardo, tornou-se uma deliciosa leitura que prendeu a minha atenção do início ao fim, e que não consegui sossegar enquanto não chegasse a resposta para a famosa pergunta: Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Se eu cheguei a conclusão para esse enigma vocês conferem a seguir.

Todo o livro é narrado por Bentinho, ele está escrevendo um livro sobre a sua vida, que pode se dividir em duas partes, a primeira parte é sobre a sua ida ao seminário e como ele fez para escapar disso para poder se casar, a segunda parte é sobre sua desconfiança em Capitu, o receio que ele sentia na possibilidade dela o ter traído. Em toda a narrativa Bentinho conversa com o leitor, todas as palavras são direcionadas para nós, como se ele quisesse que o leitor chegasse a tal conclusão.

Machado de Assis, nos apresenta Bentinho aos 15 anos, criado na Rua de Matacavalos no Rio de Janeiro, crescendo ao lado de Capitolina, que desde crianças formam uma dupla inseparável, mas que agora estão descobrindo algo além das brincadeiras, uma paixão que começa a arder e quando menos percebem já estão totalmente apaixonados um pelo outro.

Sua mãe engravidou do primeiro filho, mas não vingou, e quando soube que estava grávida de outro, fez uma promessa a Deus, que se ele viesse a nascer, estaria prometido ao seminário de padres. E assim aconteceu, logo que chegou na idade foi mandado para o seminário, mas em todo o período que estava lá só pensava em uma coisa: se livrar daquilo e se casar com Capitu.

No seminário fez um grande amigo, Escobar, a quem muito estimou até o dia de sua morte, o considerava como um irmão. Os dois conseguiram escapar do seminário, se casaram, construíram família, viviam bem, Bentinho com Capitu e Escobar com Sancha, uma mulher que era muito amiga de Capitu.

Em todo o enredo Capitu é apresentada como a mulher dos olhos de ressaca, ou olhos de cigana oblíqua e dissimulada. Tal comparação é feita devido a ressaca do mar e por não parecer confiável para a pessoa de José Dias (um agregado da família de Bentinho, que morava com eles e servia a Bentinho como uma espécie de "criado").

Capitu não conseguia engravidar, mas Sancha teve uma bela menina na qual chamaram de Capitolina em homenagem a amiga. Depois de muito tentarem, Bentinho também ganhou um filho, e deram o nome de Ezequiel, em homenagem também ao seu querido amigo Escobar (pois seu primeiro nome era Ezequiel).

Depois de uma tentativa de assédio de Sancha em Bentinho (na qual ele recusou discretamente), Bentinho começa a pensar se isso já tinha acontecido com Capitu, se a sua amável esposa já teria dado "mole" para seu amigo Escobar, e a ideia não some da sua cabeça e apenas se reforça conforme seu filho vai crescendo muito parecido com Escobar.

Mas Bentinho jamais descobre se Capitu o traiu ou não o traiu com Escobar. A única pista que ele tem é a fisionomia de seu único filho ser idêntica a de seu velho amigo. A amargura de ter afastado todas as pessoas queridas de perto de si o faz reconhecer que nunca houve e nem haverá mulher como Capitu, a garota dos olhos de ressaca, a responsável por conter toda a devoção e amor de Bentinho apenas para ela e para nenhuma outra.

Se você chegou até aqui porque precisava conhecer a história de Dom Casmurro e ficou com preguiça de ler o livro, te aconselho a ler, nenhuma resenha irá substituir a essência deste clássico da literatura brasileira. Sendo um livro muito cobrado em vestibulares, enem e até na própria faculdade de cursos que envolvem o mundo da literatura, Dom Casmurro merece o julgamento de todas as pessoas, para que cada um chegue a resposta para a famosa pergunta: afinal, Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Isso você consegue concluir (ou não) lendo o livro.

Minha conclusão é que Capitu não traiu Bentinho... ou traiu, pensando bem, vai saber.

5 comentários :

  1. li tambem ele ano passado e posso falar que nao eh um dos meus preferidos, alem de que eu nao me interesso mt pela literatura brasileira(o q n eh de se orgulhar) mas tb eu fiquei e fico ate hj intrigada se houve ou nao a traicao, mas pra mim... ah sla eu nao sei, tem pontos q vc pensa q houve tem pontos q vc pensa q nao houve... mas msm assim eh uma historia bem interessante...
    http://tonsdeleitura.blogspot.com.br/

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    1. Pois é Lud, todas as vezes que fala sobre a fisionomia do menino eu penso que ela traiu, mas ai quando Bentinho se lembra que a Capitu era muito parecida com a mãe de Sancha e as duas não tinham nenhum parentesco, era apenas coincidência, ai penso que ela não traiu... Mas vai saber né...
      Obrigada por comentar, vou dar uma passadinha no seu blog. :D

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  2. Oiiii, ainda não li nenhum livro de Machado de Assis, mas já li de José de Alencar,
    não foi uma das minhas melhores leituras mas eu gostei bastante, acho muito diva essas edições da atica com a capa branca, minha amiga tem a Moreninha e é simplismente perfeita...

    Estou seguindo o Blog, abçs
    Dá Uma Passadinha Por Lá: http://ospapa-livros.blogspot.com.br/

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    1. Essa Série Bom Livro é um arraso mesmo, uma das melhores coleções que eu conheço de Clássicos da Literatura, eu gosto bastante de Machado de Assis, talvez um dos poucos autores de clássicos nacionais que me agrade.
      Obrigada por comentar e por seguir o blog.

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  3. Oi Ju.

    Eu li Dom Casmurro na adolescência, para ser sincera nem lembro direito a história. Há pouco tempo atrás eu ganhei um exemplar da minha avó que ama ler clássicos e lendo sua resenha deu vontade de reler a história. Vou adicionar o livro na meta de leitura para este ano ainda. Sempre é bom reler clássico.

    Bjos

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