{Resenha} O Árabe do Futuro

Título: O Árabe do Futuro: Uma juventude no Oriente Médio (1978-1984) (O Árabe do Futuro #1)
Autor: Riad Sattouf
Editora: Intrínseca
Tradução: Debora Fleck
ISBN: 9788580576931
Número de Páginas: 160
Ano: 2015
Classificação: 

Skoob

Nascido na França em 1978, filho de pai sírio e mãe bretã, Riad Sattouf viveu uma infância peculiar. Ele tinha apenas três anos quando o pai recebeu um convite para lecionar em uma universidade da Líbia. Em Trípoli, o menino entrou em contato com uma cultura completamente distinta e precisou superar o estranhamento diante de novos costumes — experiência que se repetiria pouco depois na Síria, quando o pai foi trabalhar lá.

Com o olhar inocente de uma criança, Riad oferece um importante relato sobre os contrastes entre a vida plácida na França socialista de Mitterrand e os regimes autoritários na Líbia de Kadafi e na Síria de Hafez al-Assad. A partir de suas próprias lembranças e sensações, o autor descreve como foi adaptar-se a realidades tão díspares e mostra detalhes de sua vida em família e da relação com outras crianças.

O árabe do futuro é um relato literário pleno em forma de graphic novel: com traço simples e narrativa fluida e descontraída, Riad fornece ao mesmo tempo uma análise antropológica do embate entre o Ocidente e o mundo árabe e um autorretrato de sua própria infância plural.

Sabemos que o Oriente Médio tem uma história um tanto conturbada: guerras, ditadores, revoltas religiosas e outras coisas. Um modo que pode ser considerado mais descontraído de conhecer um pouco mais o Oriente Médio é através de um quadrinho, que foi o que Riad Sattouf fez em Árabe do Futuro. Um quadrinho excelente, bem humorado, porém forte.

Árabe do Futuro é uma trilogia que conta a história de Riad Sattouf, ou seja, é uma biografia em forma de quadrinhos. Esse primeiro volume, em especial, acompanha os primeiros anos de vida de Riad. Nascido na França, filho de uma francesa e de um pai árabe imigrante, o garoto, muito diferente de seu pai, principalmente pelos seus cabelos loiros, se vê deixando a França em direção ao Oriente Médio. O garoto teve uma infância um tanto conturbada, se mudando de país conforme seu pai encontrava oportunidades de trabalho (ele era professor acadêmico). Sendo assim, Riad de via em meio a novas culturas e ambientes entre Líbia, Síria e França.

As páginas dos quadrinhos acabam mudando de cor, o que faz com que o leitor seja inserido numa atmosfera diferente, o que é bem legal, trazendo uma sensação diferente. É possível aprender um pouco mais sobre os costumes e culturas do Oriente Médio, inclusive pelos países serem diferentes. É algo muito bem retratado durante a biografia.

O pai de Riad tem opiniões bastantes divergentes e que deixam a questão política em Árabe do Futuro bastante evidente. Os países estão sob ditadura, como a de Saddam Hussein, Hafez Al-Assad ou Muamar Kadafi. Essa é uma parte um tanto pesada da história, principalmente por conta de opiniões do pai de Riad, que geralmente são bem preconceituosos e até mesmo um tanto contraditórias.

Por conta de seus cabelos, Riad, durante o enredo vivido nos países do Oriente Médio, podemos ver claramente o preconceito por parte do povo do Oriente Médio, principalmente por conta das crianças. A intolerância aos judeus (Riad é tratado e xingado como judeu) é bastante evidente, o que nos faz pensar e refletir sobre a época que o quadrinho retratada e que ainda é possível observar isso nos dias de hoje, infelizmente.

O Árabe do Futuro dá início a trilogia de uma forma muito boa, mostrando os primeiros anos de Riad, apresentando o leitor às culturas árabes, o que é muito legal para quem se interessa, assim como apresenta alguns problemas que ela possui, de forma imparcial por meio dos personagens, contando com uma arte muito bem feita. É uma leitura fácil, porém pesada, por conta de seu conteúdo, mas que pode ser feita em um dia. Altamente recomendável.