{Resenha} Dias Perfeitos



Título: Dias Perfeitos
Autor: Raphael Montes
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788535924015
Número de Páginas: 280
Ano: 2014
Classificação: 

Téo é um solitário estudante de medicina que divide seu tempo entre cuidar da mãe paraplégica e examinar cadáveres nas aulas de anatomia. Durante uma festa, ele conhece Clarice, uma jovem de espírito livre que sonha tornar-se roteirista de cinema. Ela está escrevendo um road movie sobre três amigas que viajam em busca de novas experiências. Obcecado por Clarice, Téo quer dissecar a rebeldia daquela menina. Começa, então, uma aproximação doentia que o leva a tomar uma atitude extrema. Passando por cenários oníricos, que incluem um chalé em Teresópolis e uma praia deserta em Ilha Grande, o casal estabelece uma rotina insólita, repleta de tortura psicológica e sordidez. O efeito é perturbador. Téo fala com calma, planeja os atos com frieza e justifica suas atitudes com uma lógica impecável.

Dia dos Namorados na quinta, Sexta-Feira 13... Não teria semana melhor para postar a resenha de Dias Perfeitos, que mistura o amor com a obssessão de um psicopata de uma maneira tão cruel que eu nunca havia visto antes. Parabéns, Raphael Montes.

Teodoro sempre foi aquele típico garoto quieto e mal humorado que prefere ficar em casa do que sair com os seus amigos. Sempre foi o filho "perfeito", se posso assim dizer, cuidando de sua mãe paraplégica, Patrícia, levando-a para tudo quanto é lugar, mesmo que a considerasse um fardo. Sua única felicidade estava em Gertrudes, um cadáver de sua aula de anatomia, pelo qual tem um sentimento diferente do que sente pela maioria das pessoas. 

Em um churrasco, Téo é obrigado a acompanhar sua mãe, e é lá que ele acaba conhecendo Clarice. Os dois começam a conversar e Téo sente um interesse pela garota. Ela esbanja rebeldia, sensualidade e atitude. Ela também está escrevendo um roteiro intitulado "Dias Perfeitos". A partir daí, a obsessão de Téo pela garota começa. Ele descobre onde ela estuda, que curso e que ano está cursando, onde mora e etc.

Um dia, Téo vai até a casa de Clarice com um livro como presente e acaba descobrindo que a garota está indo viajar para poder se dedicar totalmente ao seu roteiro. Sem pensar em mais nada, Téo, como uma maneira de impedir o seu distanciamento de Clarice, bate com o livro na cabeça dela até que ela desmaia. Depois disso, a coloca na mala de viagem, e o cárcere começa. Clarice se torna refém da obsessão doentia de Téo.

Ao ler cada capítulo, percebemos que Téo não tem limites quando o assunto é Clarice. Ele está disposto a tudo para que ela o ame. Cada conversa entre eles é doentia e nojenta. Cada atitude de Téo é baseada em justificativas absurdas e, claramente, só existem na cabeça dele. Cada coisa ou pessoa que ele possa considerar uma ameaça, acaba sendo só mais um obstáculo a ser vencido. É tudo realmente chocante e chega a ser bem forte em certas partes.

O final, que foi super inesperado por mim, nos confirma que a crueldade de Téo é bem mais do que fora do normal. Nunca havia lido nada do tipo. Dias Perfeitos pode ser considerado o contrário do significado da frase de Nicolau Maquivel, que diz que os fins não justificam os meios. Afinal, o que vale é o amor não é mesmo? Pelo menos para Téo, é isso.

Como o livro fez parte da Maratona Literária #EuSouDoideira, uma das regras era selecionar uma música que "definisse" o livro. Minha música escolhida foi Mad Love, da banda Neon Trees, que se trata do amor que Téo sente por Clarice: um amor louco. Pode ter uma harmonia um pouco feliz demais, mas se ignorarmos ser um dueto, a letra é o que vale.


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