{Coluna} Turma da Mônica Jovem: Especial 10 anos - Roteiristas


Estamos de volta para a nossa penúltima viagem no universo da Turma da Mônica Jovem! No encerramento do segundo post mencionei que não citaria o pessoal da equipe de artes (relembre aqui) mas não poderia deixar de falar do time de roteiristas: Flávio Teixeira, Petra Leão, Marcelo Cassaro e Emerson Abreu se revezaram na elaboração das histórias ao longo destes 10 anos, sendo que nos últimos 20 meses, após o reboot (reiniciaram a contagem das revistas em 2017, agora divididas em 1ª e 2ª série, lembram?), novos nomes entraram para a equipe. 


O time de Roteiristas da TMJ

Cada roteirista tinha a sua particularidade na elaboração das histórias, inicialmente desenvolvidas com argumentos da Alice Takeda, da Marina Sousa e/ou do próprio Maurício; mais tarde, com o material já consolidado, este trio passou a atuar menos, ocupando-se mais da supervisão dos roteiros, porém, nas primeiras edições, o trabalho em equipe foi fundamental para a elaboração das sinopses e preparação dos leiautes para as historinhas. O Flávio Teixeira foi um dos responsáveis pelas primeiras quatro edições, e é um dos que, em minha opinião, melhor equilibra a participação do quarteto principal em suas histórias (quando o tema pede a presença dos quatro). De seus trabalhos neste título destaco o especial em cores da Mônica e a belíssima edição nº50 onde pudemos ver, num avanço do tempo, Mônica e Cebola trocarem alianças. Uma de suas características é usar e abusar das referências cinematográficas, especialmente dos anos 80, resultando em edições de pura aventura e emoção com o quarteto, como nas edições nº20 – "Um dia de agito", onde a turma se mobiliza para conseguir grana para ir ao cinema; nº88 – "Somos todos Nerds", onde cada um deles vai para a Comic Con XP com um objetivo definido, mas abre mão deste para ajudar o outro amigo realizar o seu (ah... A amizade!), e nº98 – "O apanhador de pesadelos", onde eles precisam caçar seus piores pesadelos, que fugiram de suas mentes e estão aprontando pelo Limoeiro.

A dupla Marcelo Cassaro e Petra Leão veio logo em seguida, também inicialmente dividindo com Alice, Marina e Maurício o desenvolvimento das histórias. Pelo que pude acompanhar nos editoriais das revistas, a Petra foi quem mais elaborou roteiros e/ou participou de seu desenvolvimento, sempre contando com o Cassaro nos leiautes dos mesmos, e talvez por isso os temas dela são os mais abrangentes, oscilando entre aventura, drama e até terror/suspense (a nº 39 – "Contos de arrepiar", foi a primeira edição a abordar esse tema). Dela também é a ed. 67 – "Par Perfeito", onde Magali e Cascão “têm um lance”, algo cogitado há muito tempo entre os fãs (e que a Maria Cascuda só perdoou recentemente!). Aliás, muitos casais se uniram e se separaram através das linhas dela: Cascão e Cascuda (eles já vinham se desentendendo desde a edição nº60), Titi e Aninha (nº31 - separaram), Monica e Do contra (nºs 68 e 69 – se juntaram; nº96 separaram), Mônica e Cebola (nº34 – começaram e terminaram, se ajustando finalmente na Ed. nº100). Muitas de suas histórias traziam uma carga dramática no que dizia respeito ao relacionamento humano, como a de Sarah (nºs 85 e 86), uma menina que era julgada pelo modo de se vestir e que mais tarde viriam a descobrir possuir poderes premonitórios; e a da Brisa: criada pelo Cassaro na ed. nº 32 e posteriormente desenvolvida pela Petra nas edições 73 e 11- 2ª série, é um androide que tem vontade própria e tenta se posicionar no mundo. Mas nada supera o alvoroço causado pela edição 94 (Dentuça, eu?): nesta história Mônica é pressionada por todos a decidir se coloca ou não aparelho nos dentes; o fato de ter usado uma expressão considerada feminista na fala da personagem para enfatizar que esta decisão só cabia a ela fez muita gente torcer o nariz para a edição e desmerecer todo o contexto da história – foi uma verdadeira “guerra civil” (desnecessária!), nos quadrinhos e na internet!

Os roteiros do Cassaro trazem, em sua maioria, temas mais tecnológicos e futuristas: em sua estreia na TMJ ele ajudou a elaborar “Brilho de um pulsar” (Edições 6 a 9 - 1ª série), que trouxe de volta os personagens do desenho “A Princesa e o Robô” numa versão repaginada - afinal, se todo mundo cresceu porque os seres de outro planeta também não? Ele também participou do desenvolvimento de “Monstros do ID” (Ed. 15 a 17): uma aventura na qual a turma confronta seus monstros internos - é essa mesmo que falei no post passado, que tem uma cena maravilhosa da Magali confrontando seu monstro. Aliás, esta foi a primeira história que quis fazer da turma uma equipe de super-heróis, dando-lhes poderes sobrenaturais quando conseguiam domar e se unir aos seus “monstros” pessoais. As cores azul e vermelha facilitaram a identificação dos “clones malvados”, além de trazer um visual diferente, como citado antes. Dele também destaco “Um novo amor” (Ed. 82), que faz uma homenagem às garotas apaixonadas por gamers, e “Nunca mais” (Ed. 93) uma história onde ninguém se recorda da existência da Mônica exceto o Cebola, que parte numa busca sem referências para tentar encontrá-la – sabem aquela saudade de uma coisa que nunca existiu? O Cebola fica se sentindo exatamente assim. É a história que tem um dos finais mais bonitos que já li na TMJ, pois o encadeamento dos quadros finais é narrativo, e esse conjunto texto+ações gera um crescente que culmina numa imagem final que não precisa de maiores explicações ( lembram do “gatinho!” no final de Monstros S.A? A sensação é quase a mesma!). Se esta história tivesse uma trilha sonora, os quadros finais seriam perfeitamente embalados pelos acordes de "Viva la Vida" do Coldplay (experimente ler da página 120 em diante ouvindo a metade final desta música!).  Por ter executado por um bom tempo os leiautes de roteiro da Petra, ouso crer que Cassaro também tenha colaborado com muitas das histórias criadas por ela, pois as leituras dos materiais criados por ambos tem um ritmo similar.


E o Emerson Abreu?

Bem, vou falar dele e um pouquinho dos novos roteiristas na próxima semana, até lá!


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