{Resenha} Guerreiras de Gaia



Título: Guerreiras de Gaia
Autor: Gisele Mirabai
Editora: Gaia
ISBN: 9788575554463
Número de Páginas : 264
Ano: 2015
Classificação: 


Uma estudante introvertida, uma dona de casa generosa, duas gêmeas de beleza incomparável e uma rigorosa professora de Física. O que poderia uní-las?







Gisele Mirabai cria neste livro uma narrativa fantástica, similar a “A História sem fim” de Michael Ende. Mas nada de fala rebuscada de contos de fada: “Guerreiras de Gaia” utiliza-se de uma linguagem atual, e como em uma conversa, a autora narra a incrível aventura de suas personagens - na verdade ela afirma que a história é verídica, e lhe fora relatada por meio do diário de uma das guerreiras (cujo verdadeiro nome deveser preservado)!

A história começa quando Kitara, uma adolescente com problemas em física e que escreve um bocado – ela seria a “verdadeira” autora da história! – encontra um pacotinho preto ocupando lugar no assento de um ônibus cheio. Louca de vontade de se sentar, ela ignora que aquele embrulho poderia ser perigoso: põe o pacotinho no colo e volta suas preocupações para o que irá dizer à mãe sobre a sua péssima nota em física. Com a mente divagando em outras direções, ela simplesmente se esquece de recolocar o pacotinho no banco quando vai desembarcar. Resultado: leva o pacote para casa. Chegando lá descobre que o embrulho estava endereçado para ela, e dentro continha um magnífico amuleto azul.

Ela é a primeira das cinco guerreiras ao qual o leitor é apresentado. As outras são Dona Dedé, uma senhorinha muito fofa e boa confeiteira; Felícia, uma professora de física descrente até o momento que vê uma anãzinha flutuando na janela da sala de seu apartamento no quinto andar; e as belíssimas gêmeas Laia e Liluá, cuja a mãe morrera assim que nasceu, mas sua alma permaneceu presa ao corpo até as meninas completarem seis anos de idade.

E se esta descrição soa absurda, a maneira como cada guerreira recebe seu amuleto é tão absurda quanto: Dona Dedé encontra o dela dentro de um pastel que havia acabado de assar. Já o de Felícia lhe é entregue pelas mãos da anãzinha voadora, e as gemas nascem com seu amuleto preso em seus pescoços, sendo necessário quebrá-lo para separá-las.

A jornada criada pela autora insere muito mais surrealidade ao até então pacato cotidiano da pobre Kitara, que descobre uma dimensão paralela à nossa: o mundo de Gaiatmã, com seres elementais que de lá protegem nossa fauna, nossa flora e todo nosso ecossistema. Física deixa de ser a preocupação principal de Kitara, entrando em seu lugar o combate aos terríveis Metazeus que pretendem destruir este mundo.

Mirabai utiliza-se de toda uma memória literária e cinematográfica para contar sua história. Temos desde lendas populares misturadas a narrativa até guerreiros jedai – ops!, jedegaias. Por se tratar de uma história em primeira pessoa temos muitos momentos de dissertação ao invés de narração propriamente dita - como comentei acima, Kitara pensa um bocado, e somos completamente envolvidos em suas reflexões! Neste ponto a história pode ser exaustiva, com muita leitura sem que ocorra ação, porém, não perde o seu encanto.

Por isso devo admitir que eu estranhei o desfecho da história: me pareceu rápido demais. Passamos longas páginas junto às guerreiras, acompanhando suas trajetórias no mundo “real” e o seu treino em Gaiatmã. Junto com elas descobrimos riquíssimas lendas da formação dos povos, aprendemos sobre a preservação do meio ambiente (e como a rotina pode nos massacrar, nos afastando da natureza), conhecemos outros seres para, de repente... puft! O desfecho da história se limitar a poucas páginas.

Eu tive a impressão de que a autora se forçou a terminar o livro, pois correria o risco de escrevê-lo infinitamente! E talvez ela fosse mais bem sucedida se o transformasse em uma série ilustrada, apesar das suas descrições serem bastante ricas. De qualquer forma é uma leitura agradável para todas as idades e deixa em nós um desejo danado de salvar a natureza – e de encontrar seres fantásticos escondidos por aí!

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