Autor: Gisele Mirabai
Editora: Gaia
ISBN: 9788575554463
Número de Páginas : 264
Uma estudante introvertida, uma dona de casa generosa, duas gêmeas de beleza incomparável e uma rigorosa professora de Física. O que poderia uní-las?
Gisele Mirabai cria neste livro uma narrativa fantástica, similar a “A História sem fim” de Michael Ende. Mas nada de fala rebuscada de contos de fada: “Guerreiras de Gaia” utiliza-se de uma linguagem atual, e como em uma conversa, a autora narra a incrível aventura de suas personagens - na verdade ela afirma que a história é verídica, e lhe fora relatada por meio do diário de uma das guerreiras (cujo verdadeiro nome deveser preservado)!
A história começa quando Kitara, uma adolescente com problemas em
física e que escreve um bocado – ela seria a “verdadeira” autora da história! –
encontra um pacotinho preto ocupando lugar no assento de um ônibus cheio. Louca
de vontade de se sentar, ela ignora que aquele embrulho poderia ser perigoso: põe
o pacotinho no colo e volta suas preocupações para o que irá dizer à mãe sobre
a sua péssima nota em física. Com a mente divagando em outras direções, ela simplesmente
se esquece de recolocar o pacotinho no banco quando vai desembarcar. Resultado:
leva o pacote para casa. Chegando lá descobre que o embrulho estava endereçado
para ela, e dentro continha um magnífico amuleto azul.
Ela é a primeira das cinco guerreiras ao qual o leitor é apresentado.
As outras são Dona Dedé, uma senhorinha muito fofa e boa confeiteira; Felícia, uma
professora de física descrente até o momento que vê uma anãzinha flutuando na
janela da sala de seu apartamento no quinto andar; e as belíssimas gêmeas Laia
e Liluá, cuja a mãe morrera assim que nasceu, mas sua alma permaneceu presa ao
corpo até as meninas completarem seis anos de idade.
E se esta descrição soa absurda, a maneira como cada guerreira
recebe seu amuleto é tão absurda quanto: Dona Dedé encontra o dela dentro de um
pastel que havia acabado de assar. Já o de Felícia lhe é entregue pelas mãos da
anãzinha voadora, e as gemas nascem com seu amuleto preso em seus pescoços,
sendo necessário quebrá-lo para separá-las.
A jornada criada pela autora insere muito mais surrealidade ao até
então pacato cotidiano da pobre Kitara, que descobre uma dimensão paralela à
nossa: o mundo de Gaiatmã, com seres elementais que de lá protegem nossa fauna,
nossa flora e todo nosso ecossistema. Física deixa de ser a preocupação
principal de Kitara, entrando em seu lugar o combate aos terríveis Metazeus que
pretendem destruir este mundo.
Mirabai utiliza-se de toda uma memória literária e cinematográfica
para contar sua história. Temos desde lendas populares misturadas a narrativa
até guerreiros jedai – ops!, jedegaias.
Por se tratar de uma história em primeira pessoa temos muitos momentos de dissertação
ao invés de narração propriamente dita - como comentei acima, Kitara pensa um
bocado, e somos completamente envolvidos em suas reflexões! Neste ponto a
história pode ser exaustiva, com muita leitura sem que ocorra ação, porém, não perde
o seu encanto.
Por isso devo admitir que eu estranhei o desfecho da história: me pareceu
rápido demais. Passamos longas páginas junto às guerreiras, acompanhando suas
trajetórias no mundo “real” e o seu treino em Gaiatmã. Junto com elas descobrimos
riquíssimas lendas da formação dos povos, aprendemos sobre a preservação do
meio ambiente (e como a rotina pode nos massacrar, nos afastando da natureza), conhecemos
outros seres para, de repente... puft! O desfecho da história se limitar a poucas
páginas.
Eu tive a impressão de que a autora se forçou a terminar o livro,
pois correria o risco de escrevê-lo infinitamente! E talvez ela fosse mais bem
sucedida se o transformasse em uma série ilustrada, apesar das suas descrições
serem bastante ricas. De qualquer forma é uma leitura agradável para todas as
idades e deixa em nós um desejo danado de salvar a natureza – e de encontrar
seres fantásticos escondidos por aí!
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