{Resenha} O Idiota



Título: O Idiota
Autor: André Diniz
Editora: Quadrinhos na Cia
ISBN: 9788535930726
Número de Páginas: 416
Ano: 2018
Classificação: 

Em preto e branco, e num registro quase sem palavras, André Diniz propõe uma recriação surpreendente de O idiota, obra máxima de Fiódor Dostoiévski. Publicado em 1869 e escrito em meio a crises epilépticas e perturbações nervosas e sob a pressão de severas dívidas de jogo, o romance é um dos mais célebres da literatura mundial. Sua oralidade intensa encontra na explosão e na fluidez, na ternura e na enorme capacidade expressiva do traço de Diniz, uma correspondência única.
A história é conhecida: após anos internado num sanatório suíço para tratar sua epilepsia, o jovem Míchkin retorna à Rússia e se vê envolvido num triângulo amoroso cujos ares folhetinescos darão o tom desta adaptação. Entre a vilania de Rogójin, um devasso perdulário que dilapida a fortuna herdada de seu pai, e a beleza arrebatadora de Nastácia Filíppovna, acompanharemos Míchkin e sua pureza quixotesca até o desenlace desta bela e trágica graphic novel.

Nunca tinha tido contato direto com Dostoiévski, conhecia apenas por nome e pela fama de suas obras, porém, sempre nutri um interesse em conhecer algo desse grande autor da literatura russa. Eis que surgiu a oportunidade através dos quadrinhos de André Diniz, com O Idiota, livro recebido por conta Companhia das Letras. Além de conhecer uma história clássica que eu não conhecia, o modo como ela foi contada foi bem diferente, tornando a experiência ainda mais única e inédita.



O enredo de O Idiota é muito simples, tanto que se eu falar demais, capaz de acabar dando spoiler. Basicamente, temos o nosso protagonista, o príncipe Míchkin, que passou a infância e a adolescência num sanatório para se curar da epilepsia, não chegando ao sucesso, mas que, agora, está de volta à Russia e atrás de sua última parente viva. No caminho, acaba conhecendo um homem chamado Rogójin, que está sofrendo por amor. Ao encontrar sua parente, Míchkin conhece a mulher que partiu o coração do homem, Nastácia Filíppovna,, então o jovem se vê em meio a triângulo amoroso com bastante drama e problemas.



Após terminar de ler O Idiota, fui pesquisar sobre o livro e acabei descobrindo que o livro é bem longo, com edições de quase 700 páginas, enquanto a graphic novel possui 400 páginas, o que não seria tão estranho se tivessem muito diálogos, o que não é o caso, muito pelo contrário, André Diniz quase não usa palavras na sua adaptação de O Idiota. Esse fato é algo muito diferente, pois é um tanto incomum encontrar HQs/graphic novels assim, principalmente sendo uma adaptação de um romance russo. André Diniz tinha um grande desafio e cumpriu de uma maneira muito interessante.



Apesar da ausência de diálogos, a história é muito bem contada através dos desenhos, principal forma de narrativa de um quadrinho. Através de seus traços, que até lembram as xilogravuras do cordel nordestino brasileiro, André utiliza muito de hachuras e abusa das expressões dos personagens para transmitir toda a ideia original de Dostoievski. 



A adaptação de André Diniz me deixou bastante curioso sobre a obra original, principalmente pela forma como foi contada, me fazendo querer ler e comprovar se o entendimento total e correto foi alcançado, além do desejo de mais detalhes sobre o enredo e os personagens. Acredito que é um quadrinho muito interessante, uma forma diferente de adentrar em um dos romances de um dos escritores mais renomados da literatura clássica russa. Espero poder conhecer mais quadrinhos do André assim como os clássicos de Dostoiévski. Recomendo.

0 comentários :

Postar um comentário