{Coluna} Turma da Mônica Jovem: Especial 10 anos - Personagens Especiais


Olá Pessoal! Estamos de volta com a terceira parte do nosso especial de 10 anos da Turma da Mônica Jovem (não leu os outros posts? Não tem problema você pode ler aqui e aqui). Hoje vou compartilhar com vocês minhas impressões relacionadas à participação e desenvolvimento de alguns personagens. Como disse no primeiro post, houveram mudanças básicas na personalidade deles: Magali deixou de ser esganada e Cascão passou a tomar banho por exemplo, mas no geral, todos levaram para a adolescência as características clássicas de seus personagens. E se todo mundo cresceu, o Anjo da Guarda também: o personagem Ângelo trouxe a primeira grande polêmica para o universo da TMJ por causa do seu nome; apresentado inicialmente como Céuboy, (referência oposta à Hellboy) o nome não pegou e foi descartado logo na quarta edição, mas valeu a zoação por muitas e muitas histórias depois!

 Mas teve um que pra mim, se superou em termos de evolução:

Cebola e sua "Jornada do Herói"

Dentre todos os personagens da turma, aquele que teve a personalidade mais explorada foi o Cebola. Ele adquiriu um crescimento dramático surreal ao longo destes 10 anos, oscilando entre o rapaz legal e o ambicioso egocêntrico (ele queria "só" dominar o mundo!). Nos quadrinhos clássicos o Cebolinha é um garoto bastante inteligente e que vive bolando planos contra a Mônica. Isso não iria mudar na adolescência, exceto que sua relação com a Mônica seria outra. Logo, Cebola mantém uma inteligência ímpar (talvez somente abaixo à do Franja), é esforçado, apaixonado por novas tecnologias e desafios, mas desenvolve uma gana por vencer em tudo e não mede esforços para alcançar seus objetivos: quando encasqueta algo, se torna quase uma obsessão. Isso faz com que ele tenha um lado ambíguo, não mal, mas que certamente terá consequências ruins se ele fizer as escolhas erradas - mesmo achando serem as certas. Muitas edições abordaram este assunto. Por causa disto a relação dele com a Mônica se esvai pois, além de tudo, ele não consegue superar o fato dela ser mais forte que ele, lançando-se num desafio (idiota!) de só namorá-la quando finalmente a superasse. 
Ele não quer mais ser "O dono da Lua"
E sim do Mundo!

Conflito criado, o desenrolar da história dos dois varia entre altos para o Cebola e muitos baixos para a Mônica, pois enquanto ela ainda está apaixonada, ele toca a vida acreditando que a amiga-amada estará sempre ali, num fica-não-fica típico dos adolescentes. Na época, esse seu comportamento (ser esnobe com alguém que se diz amar) foi preocupante, pois poderia refletir-se de maneira negativa na garotada que acompanhava a história; o Cebola por muitas vezes maltratou a Mônica com suas falas e atitudes, fazendo alusão àquele comportamento de que "quem provoca, ama", mas essa linha de raciocínio é perigosa quando a outra parte sofre. E foi aí que a sagacidade dos roteiristas entrou em ação: nossa heroína deu um basta na situação e começou a namorar o personagem Do Contra, que sempre a valorizara – o que gerou ótimos pretextos para abordarem temas sobre autoestima e falar sobre vincular a felicidade aos seus esforços próprios e não à presença de outra pessoa. Quando há este rompimento, finalmente entendemos que o que Cebola queria era estar à “altura” da Mônica: ele reconhece a força e as atitudes dela (ele a chama de "mandona"!!) e queria que ela o visse como igual, mas fez isso da pior maneira possível, julgando as atitudes dela sob uma ótica comportamental que era só dele; quando percebe seu erro é tarde demais. E ele sofre, tadinho... De cortar o coração! E ainda comete falhas, querendo mostrar para Mônica as desvantagens de seu atual namorado, mas aos poucos vai se regenerando como personagem e revendo seus conceitos. Quando finalmente reata com a Mônica, não existe mais disputa – que era só da parte dele!


Falando assim parece que toda a trajetória do Cebola se valeu de seu relacionamento com a Mônica, mas isso foi uma das bases de seu desenvolvimento como personagem. Tanto que agora, mesmo estando de bem com ela, mantém um pouco da velha vontade de dominar o mundo: continua sendo o garoto dos planos audaciosos ("Eu tenho um plano!"  sempre foi a minha frase favorita!), fã de alta tecnologia e perseverante em seus objetivos (viu Luan Santana, não é ruim ser comparado ao Cê!!). Mas infelizmente no alcance de seus objetivos ele exclui a convivência com os amigos, e depois volta para eles como se nada tivesse acontecido (Né Cascão??): a força deste personagem é o constante aprendizado com seus erros.

Outros personagens da TMJ

A única desvantagem do triângulo Cebola-Mônica-Do Contra foi o pouco destaque dado à Magali e ao Cascão (especialmente este último), que se tornaram quase secundários durante o período entre as edições 69 e 100. A dupla começou protagonizando algumas histórias, mas com o tempo isto ficou bastante espaçado, bem como suas participações. Como parceira da Mônica, Magali era a menina fofa - aliás ela tinha o "superpoder da fofura"! - e seu maior conflito (como personagem) era a admiração pelo professor de Ciências, ainda que tenha sido a responsável pela cena mais emocionante na história "Monstros do ID" (Ed. 15 a 17 - 1ª série). Citaram, mas excetuando-se a Ed. 25, pouco desenvolveram do seu potencial esportivo, mas trabalharam bastante a diferença física entre ela e o Quim (-zinho, seu namorado de infância e continua na adolescência), explorando a questão do amor por aparências. Mais pra frente, dotada de poderes especiais (parece que  "superfofura" não vale!), a Magali conseguiu um pouco mais de destaque que o Cascão; este, mesmo após mostrar-se um bom amigo, companheiro, excelente atleta e nerd por excelência, protagonizou e co-protagonizou somente três histórias no período entre as edições 69 e 100.

Esse desequilíbrio na participação dos personagens, com um aparecendo mais que os outros, é algo que vem sendo corrigido neste reboot, tanto com a participação equilibrada do quarteto nas histórias que contam com a presença dos quatro, como dando destaque a personagens que ficaram de lado na série anterior, seja como escada seja como centro da história (co-protagonismo): 
Dorinha, que ganhou uma história mais exclusiva na Ed. 5 – 2ª série; o Nimbus, que foi um personagem importante para desvendar o mistério que envolvia os “Monstros do ID” (Ed. 15 à 17 - 1ª série), mas que só voltou a ter uma participação de destaque na Ed. 12 - 2ª série, "O desaparecimento dos mágicos"; as novatas Maria Mello e Isa (chegou na Ed. 33); o Jeremias, que depois de muitas pontas só veio ter destaque nas edições 14 e 15 - 2ª série, enfim...Houve inclusive um personagem lembrado somente na Ed. 79 – "Sombras do Futuro", e ainda apareceu como vilão; confesso que, como fã da turminha eu me senti muito mal por também ter esquecido dele ao longo de todas aquelas edições! Por outro lado, não dá para ignorar o sucesso da Denise, que dominou grande parte das edições da 1ª série, nem que fosse com uma frase sarcástica na edição. Espécie de anti-heroína da turma, ela agradou com seu sarcasmo, realismo, bordões impagáveis e senso de humor. Não traz consigo o peso de ser sempre correta, por isso suas atitudes são duvidosas: 



"Imagina se a gente tivesse um filho... O guri seria tão inteligente e manipulador que ia dominar o mundo com a mão nas costas!" (Edição 92, página 121)

Pois é, essa é a Denise!
M
as quando a turma precisa ela ajuda! 

Ainda existem muitos personagens que não foram plenamente trabalhados na TMJ, mas, como disse, observo a tentativa do estúdio nesta segunda série em equilibrar isto.  Para quem fazia sete anos todo ano - bem, ainda faz em um outro universo! - crescer foi uma baita novidade então haja aventura! 

Semana que vem tem mais! 


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