{Resenha} Uma Viagem Inesperada



Título: Uma Viagem Inesperada
Autor: Babi Dewet, Melina Sousa, Carol Chisto, Pam Goançalves
Editora: Nemo
ISBN: 9788577163830
Número de Páginas : 336
Ano: 2017
Classificação: 

Viajar é - quase sempre! – motivo de animação, mas às vezes a estrada é cheia de curvas e surpresas, e parece que tudo pode acontecer quando passamos as férias longe de casa. As personagens da Turma da Mônica Jovem estão reunidas, pela primeira vez, em um livro de contos. Mônica, Magali, Marina e Denise embarcam em aventuras inéditas, cada uma com um destino especial. Mônica parte rumo à Coreia do Sul, em um tour inesquecível, repleta de k-pop, cores e aventuras. Magali tem seus planos virados de cabeça para baixo e acaba em Paraty, onde gastronomia e novas amizades se misturam. Marina desenvolve um novo lado artístico em Londres – com direito a chá, saudades e encontros e desencontros. E Denise, por ter se metido numa encrenca, é mandada de castigo para um acampamento na Serra Catarinense. Prepare as suas malas e acompanhe as garotas em viagens pelo Brasil e o mundo, com romances, confusões e aventuras.
    
Desde que considerou que outros autores recriassem seu universo, apresentando seus personagens sob um ponto de vista prá lá de íntimo e pessoal, a Maurício de Sousa Produções – MSP – vem abraçando cada vez mais outras personas em seus projetos literários. No caso deste livro, o material é uma via de mão dupla, servindo tanto para os fãs de a literatura conhecerem a Turma da Mônica Jovem, quanto conduz os fãs da TMJ nos quadrinhos para o maravilhoso mundo da literatura.

Aliás, projeto simular foi realizado logo assim que o selo TMJ foi lançado (já comentamos sobre esse lançamento aqui) quando duas histórias conhecidas mundialmente - A Ilha do Tesouro e Sonhos de Uma noite de Verão – foram ilustradas com personagens da turma. A ideia agora é usar os personagens da turma vivendo uma “aventura literária”.

Para quem é fã da turma jovem, o livro é uma delícia. Os contos narram as férias de quatro personagens de destaque deste novo selo, cada uma delas desenvolvida por uma autora que entende bem do universo jovem. Assim, Mônica, Magali, Marina e Denise vivem aventuras repletas de surpresas e amadurecimento.

A narrativa é bem intimista. As autoras tiveram o cuidado – ou a orientação – de colocar o texto todo em primeira pessoa, assim, todos os sentimentos das personagens estão expostos para a gente. É como na saga Crepúsculo: você sabe mais os pensamentos da personagem do que o que ela realmente está fazendo. E assim cada surpresa ou frustração das meninas é transmitida ao leitor.

Mônica é a primeira a nos ser apresentada. Ela parte rumo à Coréia do Sul, viagem que ganha ao participar de um concurso em uma rádio. Eu praticamente embarquei nesta viagem com ela já que nada sabia da tal cultura k-pop, febre entre adolescentes (e uma jogada acertada da escritora!). Babi Dewet, responsável por esta história, costura experiências incríveis para a personagem, que se revela aqui mais insegura e reflexiva – e confesso, é um pouco estranho “ler” a Mônica assim!

Magali viaja para a cidade litorânea de Paraty – obrigada. Sua tia está doente e a família vai ajudar, o que arruína seus planos de passar as férias junto do namorado. Aqui a autora Carol Christo abusa de uma faceta da personagem que não é explorada nos quadrinhos: a do egoísmo. A jovem fica extremamente irritada por não fazer o que gostaria, causando um novo estranhamento para um fã, já que ela é sempre solícita, doce e meiga em todas as suas aventuras - sendo muitas vezes boazinha até demais! Esse comportamento de menina mimada, no entanto funciona na história já que ela leva muito tempo para aceitar a situação. Outro dilema lhe é imposto quando um amigo se revela uma possível paixão: estaria ela disposta a jogar-se nesta aventura romântica de férias?

Denise é uma personagem desconhecida entre aqueles que deixaram de acompanhar os quadrinhos na virada do milênio. Ela traz consigo as características de anti-herói que os personagens principais da turma não podem ter (comentamos sobre isto neste post). E é como a anti-heroína rabugenta que o conto de Pam Gonçalves começa, levando a personagem para os confins da Serra catarinense, isolada de toda tecnologia possível. Seu amadurecimento é encantador, pois ela, que inicialmente reclama de tudo, começa a perceber as bênçãos que é estar em um lugar como aquele, um sítio onde a natureza impera. Ela então aprende que precisa respeitar o que os outros dão valor, mesmo que seja contrário aos seus próprios valores.

E por fim temos a Marina. Analisando somente o contexto das publicações da turma jovem até o lançamento do livro, a personagem Marina não foi muito explorada, deixando pouca base para que compreendêssemos sua personalidade. Nos quadrinhos da TMJ nos é mostrado uma jovem meiga, determinada em seus projetos artísticos, ainda que um pouco insegura com eles. Suas aparições são mais para dar apoio a algo que esteja acontecendo, o que faz termos uma imagem de pessoa sempre disposta ajudar.

Logo, a insegurança excessiva da personagem em Londres acaba sendo um pouco incômoda. Marina se apresenta muito fechada em si, ainda que os novos amigos que faz sejam simpáticos e amáveis. O encantamento pela cidade se esvai com o turbilhão de pensamentos dela. Isso por outro lado se torna positivo ao deixar a seguinte lição no leitor: a de que se deve estar no lugar e vivenciá-lo. Ficar pensando no que ou em quem ficou para trás nos faz viver pela metade.

E você, o que achou desta aventura?  Deixe seu comentário. 

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