{Resenha} Fragmentados



Título: Fragmentados (Unwind Dystology #1)
Autor: Neal Shusterman
Editora: Novo Conceito
Tradução: Camila Fernandes
ISBN: 9788581635194
Número de Páginas: 368
Ano: 2015
Classificação: 

Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria.
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.

Doação de órgãos e aborto são temas (um pouco polêmicos) que percorrem a mídia nesses últimos tempos. Ideias a favor e contrárias são debatidas constantemente. Você já pensou se esses dois assuntos estivessem diretamente ligados? É o que Neal Shusterman nos apresenta na distopia mais do que criativa de Fragmentados.

Depois da Segunda Guerra Civil, também conhecida como a "Guerra de Heartland", uma série de emendas constitucionais conhecida como a "A Lei da Vida" foi passada, que satisfez os dois exércitos envolvidos: o Pró-Vida e o Pró-Escolha. A "Lei da Vida" declara que a vida humana não pode ser tocada desde o momento da concepção até que a criança chegue à idade de treze anos. No entanto, entre os treze e os dezoito, a mãe ou o pai pode escolher "abortar" retroativamente uma criança com a condição de que a vida criança não tenha fim "tecnicamente". Esse processo de "abortar" e ao mesmo tempo manter a vida é chamado de fragmentação, e é muito comum e aceito pela sociedade.

Connor será fragmentado. Risa será fragmentada. Lev será fragmentado. Três jovens, de idades diferentes, com vidas diferentes, propósitos diferentes, mas com um mesmo destino: "morrer" e ter todos os seus órgãos doados ao governo, que serão vendidos depois para a população para substituir algum outro que já não está funcionando muito bem.

Connor faz parte de uma família normal. Possui pai, possui mãe e até mesmo um irmão mais novo. Só que seu temperamento é um pouco fora do normal. Por conta disso, seus pais decidem fragmentá-lo. O garoto, após saber disso, foge, pois não quer "morrer", mesmo com o governo garantindo que ele não estará realmente morto.

Risa é uma Tutelada do Estado. Por não ter pais ou mães presentes, a garota foi criada em Casas Estaduais sobre a responsabilidade do Governo, mas isso só é garantido até os treze anos. Por conta de uma grande quantidade de Tutelados, o espaço nas Casas Estaduais está escasso e é por esse motivo que o Estado decide fragmentar Risa. Mesmo sabendo o propósito da fragmentação, a garota não sabe ao certo se quer mesmo ter esse destino.

Por último, mas não menos importante, temos Lev. Ele é um dízimo. Desde que nasceu estava destinado a ser fragmentado como oferta à Deus, por conta de sua religião e de seus pais. Diferente de Connor e Risa, Lev está completamente ciente e satisfeito com o seu destino, pois estará cumprindo o seu propósito.

Durante a narrativa os três se encontram. Esse encontro pode abalar conceitos e decisões sobre a Lei da Vida imposta pelo governo, mudar comportamentos, e incitar reflexões.

Fragmentados é um daqueles livros que você simplesmente devora. Com um enredo totalmente novo, comparando com as outras distopias, Neal nos leva a uma sociedade em que "se livrar" de um filho, mesmo depois de ter convivido 13 anos juntos, é algo muito comum, através de diferentes pontos de vista. Temos os pontos de vista dos protagonistas, mas também o de vários personagens secundários e outros aleatórios, como uma professora por exemplo. Isso de mostrar diferentes lados é algo que eu realmente admiro nos livros. Um ponto fortíssimo na narrativa.

Vários assuntos são abordados durante a leitura do livro, causando diversas reflexões, juntamente com ótimas cenas de ação durante a trajetória dos personagens, que evoluem casa vez mais. Cada personagem tem a sua importância, seu papel durante a trama, mas, para mim, Lev foi quem mais evoluiu. Por ser quem tem total ciência sobre o seu destino, é muito interessante ver como o garoto lida com isso, principalmente na presença de Connor e Risa.

Durante a leitura, a posição do leitor pode muito bem variar, pois o propósito da Lei da Vida é valido, mas será que o modo para se alcançar esse propósito é certo? Neal não se posiciona realmente sobre o enredo, mas apresenta a visão de fragmentados, em sua maioria, que até mesmo não possuem uma posição concreta sobre o assunto. É algo realmente a se pensar. E, ariscando um pouco, não é tão fora da realidade, sendo muito possível.

Poderia falar muito mais, porque fazia tampo que não me empolgava tanto com uma distopia... Desde Jogos Vorazes. Fragmentados, sendo o primeiro volume de uma série quatro livros, cumpre o que promete e ainda mais. Totalmente recomendável para quem gosta do gênero e também para quem curte ação e reflexões na leitura.

Um comentário :

  1. Boa Tarde Lucas!

    Primeiramente gostaria de parabenizar pela sua narrativa descritiva do livro, confesso que me despertou um grande interesse para lê-lo.
    O que mais despertou meu interesse foi justamente o tema "Lei da Vida", até que ponto esse sistema não fere o que conhecemos atualmente como direitos humanos... gosto de livros que dão tapas na cara da sociedade de vez em quando...

    Visite nossa pagina, pois se tudo der certo, também iremos dar nosso parecer sobre esse livro.
    www.muitoalemdasaspas.blogspot.com.br

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