{Crítica} Death Note (2017)



Quando surgiu a notícia de que Death Note seria adaptado como filme pela Netflix, houve um certo alvoroço por parte dos fãs, discutindo a possível qualidade que o filme poderia vir a ter, já que seria "americanizado". Eu, particularmente, tinha ficado muito ansioso pela notícia, por mais que eu tivesse que esperar meses para conferir, porém, o dia chegou, sexta feira passada (25), e o resultado foi apenas um: frustração (e acho que posso falar isso em nome das pessoas que gostavam do anime).

Light Yagami agora é Light Turner, interpretado pelo ator Nat Wolff, que, ao invés de residir no Japão, como no anime, ele mora em Seattle, nos Estados Unidos. Ele é um garoto comum, com problemas e traumas, principalmente o fato da sua mãe ter sido assassinada, não é popular na escola, mas tem a vida mudada quando acaba possuindo um caderno sobrenatural, com o título de Death Note (Caderno da Morte), que caiu do céu, literalmente, enquanto Light estava na escola.

Após possuir o caderno peculiar, o garoto passa a ver um demônio, ou um deus da morte (Shinigami), chamado Ryuk, que explica o poder do caderno: ele pode causar a morte de qualquer pessoa que ele escreva no caderno e os meios de como eles morrem, desde que conheça seu nome e rosto. A partir dessa informação, Light se vê com um poder muito grande e começa a usá-lo para fazer justiça com as próprias mãos, mas isso acaba atraindo atenção da polícia e de um detetive enigmático chamado "L".

Pela sinopse, que é a mesma do mangá e do anime, o enredo parece muito interessante (e realmente é!), porém, no filme, há uma incerteza sobre qual caminho seguir e focar. O filme possui e apresenta algumas possibilidades, como uma caça de gato e rato com suspense, propor discussões sobre justiça e mortalidade, mas o foco fica no romance introduzido na trama, que não seria tão problemático assim se não fosse tão raso.

A busca de L por Light, ou Kira, como passa a ser chamado em certo momento do filme, existe e é inevitável, porém é triste ver a personalidade dos personagens, tanto que é impossível não comparar com os "originais". Light é retratado apenas como um adolescente comum, as vezes até um pouco imaturo demais, e sua inteligência e determinação, tão marcantes na obra original, aparecem apenas quando conveniente, que não são em muitas partes. Isso também acontece com L, que, por mais que o filme tenha mantido seu comportamento e postura (mesmo não havendo uma explicação), a sua inteligência, que deveria ser extremamente admirável, acaba não sendo equiparável. Isso também acontece com Ryuk, que tem sua presença dispensável, tanto que aparece apenas esporadicamente durante o filme.

Além de ocorrer os problemas de sustentação dos personagens, tornando-os rasos, citados acima, as mudanças de suspense para filme de comédia, com a ajuda da trilha sonora, que tem seus altos e baixos, passa a tirar um pouco da força que o filme deveria ter. A mudança brusca de cenas tensas para cenas com certo teor humorístico faz com que as emoções não sejam entregues completamente. A trilha sonora ajuda em algumas partes, mas também atrapalha, destoando um pouco da cena ao qual foi inserida, como acontece em uma das cenas finais.

Há mudanças na trama, comparado com a história original, obviamente, por ser baseado no anime/mangá e por ser uma produção "americanizada", porém a maioria delas apenas prejudicou o desempenho da adaptação, deixando-a rasa e com problemas de sustentação. Essa nova produção de Netflix acaba sendo apenas mais um filme genérico adolescente de "suspense", infelizmente.

Apesar de tudo isso, o filme não é inteiramente ruim, pelo menos para quem não conhece previamente a história de Death Note. É válido sim para quem não conhece o anime, mas não se deve parar por aí, é legal assistir ao anime posteriormente (que é curto), que também está disponível no Netflix. Já para fãs ou admiradores, é algo que pode ser facilmente dispensável. O filme estreou dia 25 de Agosto e está disponível no Netflix.



Título:  Death Note (2017)
Elenco: Nat Wolff, Lakeith Stanfield, Margaret Qualley, Shea Whigham, Willem Dafoe
Direção: Adam Wingard
Gênero: Suspense, Crime, Drama
Duração: 1h 41min
Classificação: 16 anos
Avaliação: 

0 comentários :

Postar um comentário